Em painel durante a 2ª Conferência Nacional de Economia Solidária (Conaes), participantes cobraram maior articulação entre temas como Educação, Formacão, Assessoria Técnica e Tecnologias Sociais.
Por Vinícius Carvalho, jornalista do Portal da RTS
17/06/2010 – Mais de 60 pessoas entre gestores públicos, representantes de organizações não governamentais, professores e agentes da economia solidária participaram, nesta quinta-feira (17/06), do painel “Educação, Formacão, Assessoria Técnica e Tecnologia Social”, realizado na 2ª Conferência Nacional de Economia Solidária (Conaes), em Brasília. O encontro, que segue até esta sexta-feira (18/06), reúne 1.600 delegados/as e traça um balanço sobre os avanços, limites e desafios da Economia Solidária no Brasil.
Segundo definição pactuada no âmbito da RTS, Tecnologias Sociais são “produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social”. Durante o debate, o conceito foi discutido à luz do atual modelo de formação e produção técnico-científica, dirigido ao mercado e incapaz de incluir ao processo de desenvolvimento aqueles que não se enquadram como “consumidores de inovação convencional”.
“Quais são os interesses que estão envolvidos na geração de tecnologia? Hoje predominam as relações de exploração do trabalho. Para um outro desenvolvimento, precisamos de tecnologias que tragam os valores da Economia Solidária, sob o risco de incoerências internas”, alertou o facilitador da mesa e analista da Finep, Rodrigo Fonseca. Segundo ele, isso implica compreender que as tecnologias não são simples ferramentas neutras, mas sobretudo construções sociais que possuem características específicas dependendo do ambiente em que são concebidas. Significa, ainda, a valorização de formas de conhecimento que não apenas o científico, como os conhecimentos tradicionais. “Quando um empreendimento gera conhecimento, ele o faz com base em suas próprias experiências políticas, sociais e culturais, que são bem diferentes do modelo de produção tecnológica convencional”, pontuou.
Ao fim do debate, os participantes definiram três grandes prioridades com relação ao tema, encaminhadas à comissão organizadora da Conaes. Além da necessidade de avançar no desenvolvimento e na reaplicação de Tecnologias Sociais dirigidas à Economia Solidária, foi realçada também a importância estratégica de introduzir os princípios da Ecosol no sistema público de ensino e de assegurar recursos para ações estruturantes em formação e assessoria técnica. “Os centros de formação devem abrigar as diferentes metodologias e práticas populares, que levam a uma formação baseada em outros fundamentos. Estamos falando de processos de educação popular”, afirmou Clovis Vilant, também facilitador da mesa e integrante da Rede de Incubadoras da Unitrabalho.
Para isso, diz, a utilização de metodologias adequadas a essa realidade deve ser valorizada com base nas pedagogias participativas e com conteúdos apropriados à perspectiva da autogestão, a partir dos princípios, fundamentos e metodologias da educação popular em todas as suas formas e modalidades. “Tecnologia, para mim, é a aplicação ou melhoria de um conhecimento. Por isso a formação é fundamental para que os próprios trabalhadores possam eles mesmos melhorar suas práticas com base em seus próprios conhecimentos”, completou o professor e delegado da Conaes, Sidney Roberto.
Outra estratégia para chegar lá, avisa a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), é incluir os princípios, práticas e saberes populares da economia solidária nas grades curriculares, como tema transversal na prática pedagógica escolar, em todos os níveis de ensino (fundamental, médio e superior), com garantia da oferta de educação qualificada e adequada para os trabalhadores(as). “Já temos hoje 11 universidades fazendo formação de professores do EJA para a Economia Solidária. O potencial é imenso”, destacou Maurício Sardá, integrante da Senaes.
A Conferência – Antecedendo a etapa nacional, aconteceram as etapas preparatórias regionais e estaduais. Ao todo, foram realizadas 187 Conferências Regionais ou Territoriais abrangendo 2.894 municípios brasileiros, com 15.800 participantes dos segmentos representativos locais da economia solidária. Nessa etapa foram discutidos livremente os eixos temáticos da II CONAES, o que gerou um conjunto significativo de contribuições para a etapa estadual. Além disso, essas conferências territoriais ou regionais elegeram democraticamente 4.440 delegados/as para as conferências estaduais, sendo 1.022 do poder público, 1.094 das organizações sociais e 2.324 de empreendimentos econômicos solidários.
Posteriormente, foram realizadas 27 Conferências Estaduais de Economia Solidária, entre os meses de março e maio de 2010 com a participação de 4.659 pessoas, entre delegados/as e convidados/as. Como delegados/as das Conferências Estaduais foram eleitos/as 1.460 pessoas para participação da etapa nacional, sendo 365 do poder público, 365 de organizações sociais e 730 de empreendimentos econômico solidários, conforme estabelecido previamente no Regulamento Geral para representação dos estados na II CONAES
Para o Secretário Nacional de Economia Solidária Adjunto, Fábio Sanchez, “Os números das Conferências Territoriais e Estaduais de economia solidária demonstram o contínuo engajamento em torno da economia solidária no Brasil. Representa também que a tentativa de abertura do estado brasileiro às formas de democracia direta e de participação da sociedade civil na construção de políticas públicas vem igualmente se ampliando. Fábio diz ainda que, “o desafio é entender todas essas etapas que fazem parte da II CONAES não apenas como momentos pontuais, mas como processo contínuo de democratização do estado brasileiro”. [FONTE: www.brasilautogestionario.org]
Por Vinícius Carvalho, jornalista do Portal da RTS
17/06/2010 – Mais de 60 pessoas entre gestores públicos, representantes de organizações não governamentais, professores e agentes da economia solidária participaram, nesta quinta-feira (17/06), do painel “Educação, Formacão, Assessoria Técnica e Tecnologia Social”, realizado na 2ª Conferência Nacional de Economia Solidária (Conaes), em Brasília. O encontro, que segue até esta sexta-feira (18/06), reúne 1.600 delegados/as e traça um balanço sobre os avanços, limites e desafios da Economia Solidária no Brasil.
Segundo definição pactuada no âmbito da RTS, Tecnologias Sociais são “produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social”. Durante o debate, o conceito foi discutido à luz do atual modelo de formação e produção técnico-científica, dirigido ao mercado e incapaz de incluir ao processo de desenvolvimento aqueles que não se enquadram como “consumidores de inovação convencional”.
“Quais são os interesses que estão envolvidos na geração de tecnologia? Hoje predominam as relações de exploração do trabalho. Para um outro desenvolvimento, precisamos de tecnologias que tragam os valores da Economia Solidária, sob o risco de incoerências internas”, alertou o facilitador da mesa e analista da Finep, Rodrigo Fonseca. Segundo ele, isso implica compreender que as tecnologias não são simples ferramentas neutras, mas sobretudo construções sociais que possuem características específicas dependendo do ambiente em que são concebidas. Significa, ainda, a valorização de formas de conhecimento que não apenas o científico, como os conhecimentos tradicionais. “Quando um empreendimento gera conhecimento, ele o faz com base em suas próprias experiências políticas, sociais e culturais, que são bem diferentes do modelo de produção tecnológica convencional”, pontuou.
Ao fim do debate, os participantes definiram três grandes prioridades com relação ao tema, encaminhadas à comissão organizadora da Conaes. Além da necessidade de avançar no desenvolvimento e na reaplicação de Tecnologias Sociais dirigidas à Economia Solidária, foi realçada também a importância estratégica de introduzir os princípios da Ecosol no sistema público de ensino e de assegurar recursos para ações estruturantes em formação e assessoria técnica. “Os centros de formação devem abrigar as diferentes metodologias e práticas populares, que levam a uma formação baseada em outros fundamentos. Estamos falando de processos de educação popular”, afirmou Clovis Vilant, também facilitador da mesa e integrante da Rede de Incubadoras da Unitrabalho.
Para isso, diz, a utilização de metodologias adequadas a essa realidade deve ser valorizada com base nas pedagogias participativas e com conteúdos apropriados à perspectiva da autogestão, a partir dos princípios, fundamentos e metodologias da educação popular em todas as suas formas e modalidades. “Tecnologia, para mim, é a aplicação ou melhoria de um conhecimento. Por isso a formação é fundamental para que os próprios trabalhadores possam eles mesmos melhorar suas práticas com base em seus próprios conhecimentos”, completou o professor e delegado da Conaes, Sidney Roberto.
Outra estratégia para chegar lá, avisa a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), é incluir os princípios, práticas e saberes populares da economia solidária nas grades curriculares, como tema transversal na prática pedagógica escolar, em todos os níveis de ensino (fundamental, médio e superior), com garantia da oferta de educação qualificada e adequada para os trabalhadores(as). “Já temos hoje 11 universidades fazendo formação de professores do EJA para a Economia Solidária. O potencial é imenso”, destacou Maurício Sardá, integrante da Senaes.
A Conferência – Antecedendo a etapa nacional, aconteceram as etapas preparatórias regionais e estaduais. Ao todo, foram realizadas 187 Conferências Regionais ou Territoriais abrangendo 2.894 municípios brasileiros, com 15.800 participantes dos segmentos representativos locais da economia solidária. Nessa etapa foram discutidos livremente os eixos temáticos da II CONAES, o que gerou um conjunto significativo de contribuições para a etapa estadual. Além disso, essas conferências territoriais ou regionais elegeram democraticamente 4.440 delegados/as para as conferências estaduais, sendo 1.022 do poder público, 1.094 das organizações sociais e 2.324 de empreendimentos econômicos solidários.
Posteriormente, foram realizadas 27 Conferências Estaduais de Economia Solidária, entre os meses de março e maio de 2010 com a participação de 4.659 pessoas, entre delegados/as e convidados/as. Como delegados/as das Conferências Estaduais foram eleitos/as 1.460 pessoas para participação da etapa nacional, sendo 365 do poder público, 365 de organizações sociais e 730 de empreendimentos econômico solidários, conforme estabelecido previamente no Regulamento Geral para representação dos estados na II CONAES
Para o Secretário Nacional de Economia Solidária Adjunto, Fábio Sanchez, “Os números das Conferências Territoriais e Estaduais de economia solidária demonstram o contínuo engajamento em torno da economia solidária no Brasil. Representa também que a tentativa de abertura do estado brasileiro às formas de democracia direta e de participação da sociedade civil na construção de políticas públicas vem igualmente se ampliando. Fábio diz ainda que, “o desafio é entender todas essas etapas que fazem parte da II CONAES não apenas como momentos pontuais, mas como processo contínuo de democratização do estado brasileiro”. [FONTE: www.brasilautogestionario.org]
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